Rede(s)
Uma malha de relações e articulações compõem as redes formadas pelas lideranças para manter viva a luta por moradia. São redes de parcerias, de apoio, de contatos, afetivas, territoriais e de solidariedade, que sustentam o movimento.
“AGORA O POVO UNIDO, O MUNDO MUDA DE SENTIDO, MAS NOSSO DIREITO VEM.”
Maria Clara
“É sempre animar, temos que fazer o trabalho, cuidar, cuidar das pessoas.”
Os apoios, parcerias, articulações e negociações estão presentes a todo tempo nas memórias contadas por Maria Clara. A relação com outros movimentos sociais (especialmente o Movimento Sem Terra, o MST), com o Partido dos Trabalhadores (PT), com o trabalho das Igrejas, com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), entre tantas outras entidades que de uma forma ou de outra, pela participação de seus representantes, se juntam às pautas pela garantia de direitos, é fundamental para a manutenção dos corpos firmes que enfrentam tantas adversidades. Maria Clara também traz em sua fala e voz, uma rede afetiva que potencializa a coragem necessária para a luta. Ter a quem “dar a mão” é ponto imprescindível para a permanência insistente diante de realidades tão duras de precarização.
Rafaela
Ao longo de todo seu relato, Rafaela chama atenção para as relações de parceria que foram tecidas durante sua trajetória na luta pela moradia, destacando a dimensão coletiva desse movimento. Desde as pequenas movimentações para conseguir cesta básica para uma família até as articulações políticas com o Ministério Público, apontam para a importância da construção de redes comunitárias de apoio e solidariedade para a permanência na luta. “Eu fui conhecendo pessoas que foram me abrindo caminho também. Foram abrindo caminhos e foram pessoas que vieram somando comigo também”, narra Rafaela. No entanto, ela não deixa de destacar os desafios que enfrentam cotidianamente nesse processo de construção de vínculos: “É porque nós já fomos machucados demais no coração. Muita gente já usou a nossa imagem em benefício próprio e quando a gente precisava não colaborava. Então a gente também fomos se fechando”.
Baiana
“Eu acho tão bom que está todo mundo junto. Sabe por quê? Porque a causa é uma só.”
É notório que na Vila Esperança existe uma rede de solidariedade entre os moradores que comparece desde o começo do bairro. Baiana conta dos momentos em que as pessoas iam à Vila Esperança procurando terreno não somente para elas, mas também para outras pessoas que conheciam e que acreditavam precisar também de moradia. Além disso, cada habitante da comunidade ajuda o outro de acordo com o que consegue, às vezes auxiliando na instalação de água ou energia. Como liderança da comunidade Baiana demonstra o início de um fio de cuidado que passa por todos, ela “fazia muito almoço comunitário pro povo” e quando não dava conta das demandas que compareciam ela aciona outras redes e então “de certa forma, eu acabo fazendo um ir ajudando o outro entendeu”. No fim das contas, “a causa é uma só” e assim sendo, é fundamental que estejam todos juntos na luta por moradia.